HISTÓRICO DA FUNDAÇÃO E CONSOLIDAÇÃO DO MUSEU DE MORFOLOGIA DA UFG
HISTÓRICO DA FUNDAÇÃO E CONSOLIDAÇÃO DO MUSEU DE MORFOLOGIA DA UFG
Paulo Roberto de Souza1, João Roberto da Mata2, Fabiana Ribeiro da Mata2.
1Coordenador do Museu de Morfologia da UFG
2Docentes do Departamento de Morfologia da UFG
Na década de 70 já estava sedimentado o conceito entre as Universidades Brasileiras de assegurar suas ações assentadas no Ensino, Pesquisa e Extensão (De SOUZA et al., 2001). O Museu de Morfologia (MM) da Universidade Federal de Goiás teve o início de suas atividades em 1975, por iniciativa do Departamento de Morfologia, do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Goiás (SOUZA et al., 2008). A implantação em 1978 da Pró-Reitoria de Extensão veio dinamizar ações para alcançar o desiderato de assegurar um relacionamento permanente da Universidade com o meio no qual se insere (ARAÚJO, 2000).
Neste contexto, o Departamento de Morfologia tem sido historicamente, uma unidade de ensino sempre preocupada e vinculada aos programas de extensão e mantendo, ao longo do tempo, um atendimento a diferentes setores da sociedade, contribuindo para a aplicação dos conhecimentos da Morfologia em diversas áreas da aprendizagem.
Por ser fator de contribuição na inclusão social e na formação do cidadão, cada vez mais a extensão se impõe dentro da universidade pela sua importância, e tem buscado a integração ao ensino e à pesquisa. Na medida em que se integra com o ensino e a pesquisa, a extensão vai perdendo o enfoque assistencialista e assumindo a perspectiva transformadora, ao estimular a emancipação dos grupos sociais com os quais interage, promovendo o desenvolvimento humano e social. Por outro lado, a formação do aluno universitário como cidadão também é beneficiado, já que o envolvimento dos estudantes nas problemáticas das comunidades é uma valiosa estratégia para que o discente passe a enxergar sua profissão de maneira mais humanista. O Departamento de Morfologia, ao historicamente exercer sua vocação extensionista (FERREIRA et al., 1999; De SOUZA et al., 2001; SOUZA, et al., 2008) tem oportunizado a aproximação entre os segmentos da comunidade da rede escolar pública e privada à UFG, ao propiciar a estas escolas o contato com o meio universitário através do conhecimento das várias partes do corpo humano e de animais enfocando a sua anatomofisiologia.
As ciências morfológicas estudam a estrutura e o funcionamento dos organismos. No aspecto humano, o MM propicia a divulgação do conhecimento sobre o organismo humano, com intuito de formar e informar o homem sobre o seu próprio corpo. Nesse sentido a interação universidade-comunidade através deste museu tem importância social, pois ao propiciar a oportunidade ao indivíduo de conhecer melhor o seu próprio corpo, e de animais, as pessoas, independentemente do nível sociocultural, tornam-se capazes de entender a relação de proximidade das espécies, o que desperta atitudes preservacionistas, e a busca de alternativas para os problemas coletivos.
Assim, as atividades do museu nortearam-se no sentido de ampliar e difundir o conhecimento da morfofisiologia corpórea do ser humano e de animais promovendo melhorias na saúde e na qualidade de vida. O museu, além, de promover abordagens sobre temas debatidos na escola formal, também tem sido um meio de difusão científica, através dos esclarecimentos que propicia aos visitantes.
Por outro lado, as atividades vivenciadas no MM não estiveram isentas das dificuldades inerentes ao ensino universitário brasileiro. Houve carência de melhorias na estrutura física e de investimentos na formação e aperfeiçoamento dos recursos humanos envolvidos em suas atividades. Apesar disto não faltou esforços na busca da concientização do potencial do MM em viabilizar a interação com segmentos sociais (FERREIRA et al., 1997; De SOUZA et al., 2001; SOUZA, et al., 2008).
Os museus são ambientes que proporcionam a comunicação, educação e difusão cultural para um público amplo e diversificado (VALENTE, et al., 1995). Nesse sentido o MM da UFG tem buscado oportunizar aos seus visitantes momentos de aprendizagem através da interação destes com o acervo museológico disponível e com a ação de educadores engajados no ato de difundir o conhecimento (FERREIRA et al., 1997; De SOUZA et al., 2001). Por outro lado, a melhoria no conhecimento do público visitante pelos docentes e monitores do MM serve como base para o aperfeiçoamento do planejamento das atividades futuras. Serve também como uma auto-avaliação, e a avaliação quando bem compreendida torna-se um valoroso instrumento de transformação e emancipação, o qual qualifica e dignifica o ensinar e o aprender (ZOCCHE, 2007). Ademais, é notório que ao exercer a ação de ensinar também está em construção o efetivo desenvolvimento da docência e as informações obtidas servirão para se fazer as opções mais adequadas no sentido de promover e conduzir o processo da aprendizagem (ROLDAO, 2007).
O momento de escolha de um curso universitário é decisivo para o indivíduo em formação, e muitas vezes esta etapa também se torna complexa. Por atender alunos em preparatório para o vestibular o MM tem tido a oportunidade de auxiliar nesta difícil etapa, a escolha mais adequado de um curso universitário segundo o perfil do postulante a universitário.
O sentimento que acompanha os indivíduos após a sua visita ao MM é muito importante, pois é fator que sinaliza o acerto ou a necessidade de adequações para o atendimento do público em visitas futuras. Ao longo destes 34 anos de atividade do MM, o trabalho cotidiano mesclado com a compreensão da importância para comunidade visitante do MM, e do imperioso compromisso social que toda instituição de ensino deve empreender, para interagir positivamente com o seu meio tem sido mola propulsora na execução das atividades do MM.
As atividades desenvolvidas no MM visam contribuir e incentivar o crescimento de uma nova consciência sobre saúde, cidadania e compromisso com qualidade de vida. Os estudos sobre o público, assim como a avaliação das exposições dos museus, apontam para o imperativo de considerar o visitante como um participante ativo, Por outro lado quando se buscar o conhecimento do público visitante se amplia as possibilidades de aproveitamento da aprendizagem. Isto ocorre porque, na maioria das vezes, os visitantes trazem na sua bagagem questionamentos e atitudes que são determinantes na riqueza da experiência do aprendizado (STUDART, 2005; ALMEIDA, 2005).
O trabalho com a extensão no MM tem propiciado aos professores o entendimento de que a extensão, inquestionavelmente deve ser uma prática acadêmica interdisciplinar com uma gestão preferencialmente colegiada objetivando sempre buscar e promover parcerias (PROEC, 1997a). As ações de extensão praticada no MM têm sido pensadas a médio e longo prazo, para que estas atividades não sejam apenas mais uma microutopia, mas que busque o papel efetivo de agente promotor da educação e cidadania. O trabalho em busca da disseminação do conhecimento do MM tem promovido melhorias na compreensão do auto-conhecimento e auto-cuidado dos indivíduos atendidos, a partir da visão dinâmica do corpo humano e dos animais. Os visitantes ampliaram seus horizontes a partir das informações sobre as formas e funções do seu próprio corpo, o que contribuiu na construção da sua identidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, A.M. O contexto do visitante na experiência museal: semelhanças e diferenças entre museus de ciências e arte. História e Ciências da Saúde Manguinho. 12: 31-53, 2005.
ARAÚJO, J.C.A extensão e a ação cultural na UFG. Extensão e Cultura, 2: 32-33, 2000.
De SOUZA, N.B.; MATA, J.R.; OLIVEIRA, K.M.; NOGUEIRA, D.J.; FERREIRA, J.R. . Extensão ou assistencialismo? Arena e atores dos programas institucionais de extensão em anatomia na Universidade Federal de Goiás. Arquivos da Apadec, Maringá, 5: 40-46, 2001.
FERREIRA, JR; LUIZ, CR; MATA, JR; MIRANDA, DF; CARNEIRO, LB. O papel Educativo do Museu Didático. Arq. Ciênc. Saúde Unipar, 3: 231-137, 1999.
PROEC. Relatório das atividades de extensão desenvolvidas pela UFG no período de 1994 a 1997. Revista de Extensão Universitária, 1: 16-18, 1997a.
ROLDAO, M. C. Função docente: natureza e construção do conhecimento profissional. Rev. Bras. Educ. 12: 94-103, 2007.
SOUZA, P.R.; MATA, F.R.; MATA, J.R. O Museu de Morfologia da Universidade Federal de Goiás. http://www.icb.ufg.br/?noticia=6851
STUDART D.C. Museus e famílias: percepções e comportamento de crianças e seus familiares em exposição para o público infantil. História e Ciências da Saúde Manguinho. 12: 55-77, 2005.
VALENTE, M.E.; CAZELLI S, A.F. Museus, ciência e educação: novos desafios. História e Ciências da Saúde Manguinho. 12: 183-203, 2005.
ZOCCHE, D.A.A. Educação Profissional em Saúde: Reflexões Sobre a Avaliação. Trabalho, educação e saúde, 5: 281-295 2007.